Escrever é o ópio do povo*

  • 1
Existem algumas situações inspiradoras. Não sei de quê,
É como se fosse necessário expulsar algo de tal maneira que a inspiração chega a ser grotesca, já que é forçada. Não por mim! Por ela mesma.

Faz tanto tempo que não escrevo que é como se perdesse a maneira,
Mas para escrever não existe um manual.
Talvez estivesse guardando, não que agora esteja me revelando,
Rebelando,
Libertando,
É uma necessidade. Libertar-se de si mesmo é fundamental.

Talvez seja esse o grito da alma oprimida.
O ópio.

*Referência a frase de Karl Marx.

(A Falta de) Poder

  • 1
As velas acesas e escuras não permitem que eu enxergue os dois passos que se seguem.
Sua sombra se repete sob o testemunho do sol.
Oh, deuses!

Posso far finta di star bene ma mi manchi. Ora capisco che vuol dire averti accanto prima di dormire. Mentre cammino a piedi nudi dentro l’anima.

O poder de manipular o tempo ainda não me foi dado, embora, às vezes, eu tente fazê-lo. E até o ato singelo de respirar me aflige. Como eu queria ter a oportunidade de...

E a culpa que me bate, será que não fabriquei oportunidades?!
Deveria ser menos técnica, menos racional?

Não... Não foi porque eu não sou. Não me tornei e, confesso, não pretendo mudar por esses motivos. A bem da verdade se soubesses...

Mi manchi e potrei cercarmi un’altra donna ma m’ingannerei. Sei il mio rimorso senza fine, il freddo delle mie mattine. Quando mi guardo intorno e sento che mi manchi.

Mas é que esse racionalismo!
Oh, Deuses!
E agora?!

Eu não vou mudar... não por isso, não por causa disso. Mas resolvi mudar.

* Os trechos em italiano são da música “Mi Manchi” do magnífico tenor italiano Andrea Bocelli.
Tradução:


Posso fingir que estou bem, mas sinto tua falta. Agora entendo o que significa te ter junto a mim na hora de dormir. Enquanto caminho descalço para dentro da alma.


Sinto tua falta e poderei procurar outra mulher pra mim mas eu enganaria a mim mesmo. És meu remorso sem fim, o frio de minhas manhãs. Quando olho à volta e sinto que como me fazes falta.

Reparos em duplo sentido

  • 7

Reparei que a lua é linda em suas múltiplas faces
E, não apenas quando se torna plano de fundo
Para um casal de apaixonados.

Reparei que a poeira se mistura às sensações
E que essas sensações são traços perdidos a cada segundo.
É única e por isso é plena.

Sentimento repetitivo é um passo ao indeciso,
A minha mais bela coletânea e o seu clássico sabor
Apresentam-se despidos.

Não há necessidade de olhar o céu como uma obrigação do amor,
Não é preciso pensar mais calmamente,
Pensar pulsantemente como uma obrigação do amor.

Esse amor que o mundo me mostra
É na verdade o que o obrigo a sentir,
Por desprendimento, por equilíbrio,
Mas não por obrigação.

Por obrigação devemos olhar o céu, pensar calmamente,
Infinitamente pulsar, talvez titubear,
Levantar e lutar.

Não por obrigação do amor,
Não porque o momento é singelo,
Mas porque é preciso viver.

Não esmaguemos as entrelinhas esperando boas sensações.
Somos sim, capazes de escrevê-las.

O Copo e a Mesa

  • 2
Um copo,
Uma mesa.

O copo quebra,
O vidro cai,
A mesa se mata.

De repente o que era sólido como o copo,
Líquido como seu conteúdo,
Breve como suas respostas,

Cai.
Tudo quebra junto com o que foi depositado no copo.

O que dizer?
Não sei.

Mas certamente sei o que irei fazer.
Vou agora mesmo construir outro copo.

Ainda não sei como batizar...

  • 2
O texto abaixo trata-se de um casamento. Não se engane. Mas na impossibilidade (quem disse?) de realizá-lo foi necessário encontrar novos meios. E o meio mais próximo estava em minha frente e eu não vi. Esse tempo todo escondido e eu não enxerguei. Mas calma! Casei-me.

A dificuldade em batizar o primeiro filho provém da importância que é a esposa. Ela é tão importante que me causa um amor indescritível. Espero que se torne importante para ti também. Mas com as devidas proporções. Admito, sou uma mulher ciumenta.

Texto escrito em conjunto com o meu par perfeito, Clarice "Leespector".

"Eu preciso de algumas horas de solidão por dia senão 'me muero'.

Quanto a mim, só sou verdadeiro quando estou sozinho e, quando o silêncio do mundo é tão grande que causa dor. Eu também sou o silêncio do mundo, seu barulho e seus interstícios.

Não me condene, pois sou a liberdade e vou gritar, dar nome às coisas, mas nem por isso batizá-las. Pois são nativas, assim, intactas, de minha ilha e de minha mente.

Quando eu era pequeno pensava que de um momento para outro eu cairia para fora do mundo. Por que as nuvens não caem, já que tudo cai? É que a gravidade é menor que a força do ar que as levanta. Inteligente, não é? Sim. Mas caem um dia em chuva. É a minha vingança".

Essência

  • 2
Por tanto tempo já me roubei de mim,
Mas enquanto me roubo de mim,
Encontro-me.
Encontro-me até no fim.
O fim.
O próprio fim.

Não faça perguntas,
Poupe-me das mentiras,
Não dê respostas falsas.

E as provas?
Não faço perguntas.
Não dedico às respostas.

E coisas de momento?
Mas tudo é sempre coisa de momento.
Existem momentos duráveis,
Outros nem tanto,
Mas tudo é o momento
Que faz parte de vários momentos.

É o que chamamos de vida,
Que é regida pela essência de cada um.

Boa ou ruim.

A minha?
A minha é uma boa essência.

Rascunho de um Traço Psicodélico

  • 1
Coisas loucas e psicodélicas acontecem,
E tudo é apenas a mais profunda sensação,
Apenas a mais completa e complexa.
Dúvida, amor, desejo.
Tudo é confusão.

No tempo em que o sol bate em minha janela,
Corro e abro a porta desesperada,
Oh! É a brisa de um novo dia,
Um novo tempo.
Tudo é complicado.

Eu não pensei que fosse ser tão difícil compreender,
Mas é.
E se eu não pensasse assim,
Por que as pessoas mudam sem avisar?
E tudo acontece no tempo do sol.

E o vento me fala, o mundo me abraça.
Eu posso até te ouvir cantando,
Enquanto grito teu nome.
Tudo se torna simples,
No tempo do sol...

Através do Vidro Escuro

  • 5
Com muita alegria comunico a todos sobre o lançamento de meu primeiro livro impresso.

“Através do Vidro Escuro” é um projeto que se iniciou há dois anos. Acredito que publicar um livro seja o sonho de todos que escrevem e por isso quero compartilhar esse sentimento e dizer que espero que tudo dê certo em relação a todos que sonham.

O livro possui prefácio do Professor Doutor Haroldo Loguercio Carvalho, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a quem agradeço profundamente por ter aceitado tal função a ser realizada em plenas férias.

Site oficial do livro: http://keidylee.tumblr.com


Lançamento em breve!

“Não é a autora quem vos fala, é algo que está dentro de alguma coisa que ninguém sabe onde se encontra. Quanto ao nome tenho certas dúvidas, mas é algo bem próximo d’A Perdição.
Não veja nada em seu real sentido, não identifique essas palavras como o que elas aparentam ser. Elas não são!
Elas estão perdidas, embora haja algum sentido e essa é a magia”.