Ogni tanto*

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Já passa da metade da noite e de repente me pego pensando
Em nada!
Nesse momento, há algo em mim que parece explodir.
É algo triste e vazio. É como se nada do que houve até hoje valesse a pena,
Embora eu saiba que valeu.
Mas não o tanto que eu gostaria.

E agora estou suspensa e sem arrependimentos.
O vazio que me preencheu de mais vazio não foi em vão.

Sou avessa ao convencional,
Não gosto de modas. Às vezes percebo que até não gostar de modas é uma forma de rebeldia convencional.
Mas é que não encontro mais nenhuma.
Não posso afirmar o que sou ou o que não sou.
Talvez não seja nada, talvez eu seja o mundo.
Sei que dentro de mim há vários universos,
Não sei se pertenço a algum desses universos,
Não sei ao menos se pertenço a mim mesma, mas é certo de que se nem ao menos sou de mim não pertenço a ninguém.
Até agora não consegui dizer o que realmente quero,
Talvez a moral dessa história – se há moral – é que passarei a preencher pequenos vazios com grandes terremotos.

E desse poema sem ritmo no fim soa uma melodia.

* Ogni tanto (Ocasionalmente), música que escuto nesse momento, da fantástica Gianna Nannini.

Um poema de amor

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A noite se aproxima e as luzes, tímidas, acendem.
Iluminam ainda de maneira pacata, estão caladas.
As luzes não falam, não sentem o que é emanado
Pelo belo par que se encontra abaixo do candeeiro.

Esse poderia ser um poema de amor.
Não o é. Não há amor no belo par.
Ocasionalmente penso, ocasionalmente choro,
Surpreendo-me. Ponto. Explosão.
Corpos e almas que brilham abaixo do candeeiro
Nada mais são do que o que poderia ter sido.