A Fúria da Enxurrada

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Tudo começou quando perdi a companhia que alegrava meu espírito.
Alguém que estava em mim. Não há mais ninguém que sobreviva a fúria da
enxurrada que por todos os dias celebra nossos anos de casamento.
Eu desprezei minha emoção, caminhei por ruas escuras, eu pensei que
alguém fosse chegar pra segurar a triste fúria. Fui incompleta, só.
Não importa mais nada, alguém quer se dividir,
Só há um motivo que me prende aqui,
Isso não é algo que eu possa explicar.

Ínfimo

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Usa, abusa
Dos costumes infame,
Como é bom ser ínfimo.

A crítica da atração me governa, me guia.
A ira da destruição.
Não me leva. Nem eleva.

Não uso de segredos meus,
Descubro os teus.
Chantagem.

Ato puramente,
Deprimente,
Deslustrado.

Alma lapidada.
Na arte,
Conspurcada.

A Confusão e o Abstrato

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Responda-me quem sou, pois eu não sei, ou talvez saiba. Não, não sei!
Eu não suporto o barulho culminante do universo em crise que aponta no fim de cada dia. Dói escutar o barulho do silêncio e o silêncio que vem com tantos gritos. É que eu não sei fazer outra coisa, nem sei do que na verdade sou capaz de fazer, e até onde posso sonhar sem que esses desejos não se tornem mais um capítulo do que não suporto mais ver.