Locomotivas

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Locomotivas passam entre os vãos de multidões
A fumaça ascende aos céus, embaraçando o ar
Os carros tonteiam para lá e para cá
Os sorrisos são invisíveis em meio a multidão.

Rostos passam no ano pelas quatro estações
E na vida cotidiana são anos a fio
Com profunda inteireza, mas meio vazio
Pessoas caminhando sem identidade.

Paira a necessidade de repetir, de mal respirar;
O martelo bate lá e bate cá, o barulho ensurdece
Indústrias que fabricam o que não posso comprar
Coração emudecido e sufocado pelo padrão.

Neste turbilhão encontramos uma ou duas pessoas.
Às vezes nem as percebemos e isso nos sufoca;
É a ignorância de nunca ter conhecido alguém
Então de que te defendes se, no amor, não há perigos?

No vai e vem esbarramos em alguém, e identificamos
Retirar dos padrões e dar relevo é arriscar;
E a buzina da locomotiva anuncia, no outro dia,
Que os trilhos da vida cotidiana podem ser desviados.

Minha florzinha rara

É um amor tão bonito, esse meu;
Ressignificou tudo, em meu eu.
É uma compreensão tão bela, eu e ela;
Eu faço tudo pensando... Nela.

Ela me liberta dos meus medos;
Dos grilhões, das prisões de minha mente.
Ela me acalma em seu peito,
E, silenciosamente, me diz o que é respeito.

Ela me abraça e o mundo para, meu coração dispara.
É como se tudo girasse em torno de nós.
Retirando os nós de nossos pulsos,
Os anseios de nossas almas
E preenchendo de desejos as nossas vidas.