Reparos em duplo sentido

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Reparei que a lua é linda em suas múltiplas faces
E, não apenas quando se torna plano de fundo
Para um casal de apaixonados.

Reparei que a poeira se mistura às sensações
E que essas sensações são traços perdidos a cada segundo.
É única e por isso é plena.

Sentimento repetitivo é um passo ao indeciso,
A minha mais bela coletânea e o seu clássico sabor
Apresentam-se despidos.

Não há necessidade de olhar o céu como uma obrigação do amor,
Não é preciso pensar mais calmamente,
Pensar pulsantemente como uma obrigação do amor.

Esse amor que o mundo me mostra
É na verdade o que o obrigo a sentir,
Por desprendimento, por equilíbrio,
Mas não por obrigação.

Por obrigação devemos olhar o céu, pensar calmamente,
Infinitamente pulsar, talvez titubear,
Levantar e lutar.

Não por obrigação do amor,
Não porque o momento é singelo,
Mas porque é preciso viver.

Não esmaguemos as entrelinhas esperando boas sensações.
Somos sim, capazes de escrevê-las.