Um quase soneto ao contrário
- Mar14
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Um Culto à Mediocridade
Daqui escuto lindas injúrias incultas
Onde bravos pastores vociferam palavras bonitas
São contra tudo e contra todos os que fazem.
Eles não fazem nada de ruim; nada de mal
Eles são bons; comandantes da moral
Eles não fazem nada de feio; nada ilegal
Eles são os tais; o caminho do bem, afinal.
Daqui escuto verdades que parecem calúnias
Abrem ditos livros sagrados e condenam pecados
São arautos de palavras infames aos incautos.
Elas obedecem e evitam como devem,
O passo falso não é difícil e aderem
O passo fácil que é verdade e com dificuldade
O mundo perfeito que é o Jardim do Éden.
Excessos
- Mar8
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O céu daqui sussurra alto
Alto como um argumento pífio
Que cochicha como quem nada diz
Que fala como quem se lamenta
Daqui nada se escuta
Tudo se esvai
É onde o inatingível sofre
Quando o motivo tem explicação
Quando o mote é a própria punição
A liberdade está num cofre
Sem a chave de acesso
Daqui de dentro se grita melhor
E eu não conheço os excessos
O seco e o vazio
- Mar7
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Minha mente é histérica;
Meu corpo é a certeza que
Corpo e mente não são duplos.
Sinto a paz dos que não dormem;
Alimento-me do manjar dos que enjoam;
O asco sou eu dos que me enojam;
Sou o vazio que pensa que está cheio;
Penso no exercício dos que param;
No andar dos que pairam;
Sou o vazio seco.
Sou o seco.
Sou o eco.
O vazio.
Talvez.
Ex.