Que me parece?

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O que me parece?

O que me apetece?

O que me perece?


Que mundo é o meu?

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Que mundo poderá ser o meu se a única possibilidade sou eu mesma?

Pergunta(s)

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Que será que eu sinto?
Que será que eu penso?
Será que o que sinto é o mesmo que penso?
O que penso é o mesmo que sinto?

Que será que somos?
Que seremos?
Onde estamos?
Para que lugar iremos?

Camões

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Sempre contestei Camões,
Mesmo sem o menor lastro para tanto,
Pois jamais fui capaz de entender o porquê
De ser o amor uma ferida que dói e não se sente.

Dizia, cheia de razão, que o amor não dói.
Camões, seu louco! Como podes dizer tais bobagens?
De repente, percebi que Camões amou.
E Camões descreveu o amor.

Amor é medo, é fuga, é coração palpitando.
É um contentamento descontente,
E é dor que desatina
E que se destina a quem de bom coração é.

Soneto à outra parte de minh'alma

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De quase tudo me sentia incompleta;
Andava perdida a vagar em meus sonhos.
Com matéria vazia, mas de alma repleta,
E tua miragem modificou meus planos

Por meu coração esperei por mil anos,
E, de tanta demora, duvidei até da eternidade,
Foi quando tu viestes como um anjo,
Que concede a mim toda a liberdade.

De meu passado, pouco sei;
Como se nunca tivesse me encontrado.
Meu futuro jamais planejei,

E não saber parecia o melhor estado.
Em meu presente é que me encontrei;
É tudo mais do que eu havia sonhado.

Soneto do amor meu

Por todos os dias, por cada segundo,
Cada segundo que passo admirando você.
Por todas as vias, és mapa de meu mundo,
E todos os outros segundos à espera de te ver.

Em fatos reais e naqueles inventados;
Vejo-te em todos os espaços e margens,
Por todas as datas, por todos os fatos,
Em ponto fixo ou em outras paragens.

És a realidade dos meus sonhos,
A inspiração desta palavra libertada,
Personagem primeira de meus planos.

És a outra parte inteira de minh’alma,
Metade da noite sonhando; outra acordada.
És tu quem desperta meu sono nas madrugadas.

Locomotivas

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Locomotivas passam entre os vãos de multidões
A fumaça ascende aos céus, embaraçando o ar
Os carros tonteiam para lá e para cá
Os sorrisos são invisíveis em meio a multidão.

Rostos passam no ano pelas quatro estações
E na vida cotidiana são anos a fio
Com profunda inteireza, mas meio vazio
Pessoas caminhando sem identidade.

Paira a necessidade de repetir, de mal respirar;
O martelo bate lá e bate cá, o barulho ensurdece
Indústrias que fabricam o que não posso comprar
Coração emudecido e sufocado pelo padrão.

Neste turbilhão encontramos uma ou duas pessoas.
Às vezes nem as percebemos e isso nos sufoca;
É a ignorância de nunca ter conhecido alguém
Então de que te defendes se, no amor, não há perigos?

No vai e vem esbarramos em alguém, e identificamos
Retirar dos padrões e dar relevo é arriscar;
E a buzina da locomotiva anuncia, no outro dia,
Que os trilhos da vida cotidiana podem ser desviados.