Ela me Entristece

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Ontem me afagou
E hoje esqueceu
Do sorriso que deixei
Silenciosamente escapar.

Ontem me sentiu
Hoje nem me procurou
Para finalizar a conversa boa
Que sem querer acabei por começar.

Ela me entristece
Eis que atitudes estranhas
São bem vindas
Ameaças e questões
Sufocam a moradia.

Ela me entristece
Talvez sem querer
Deixe-me quietinha que passa
Como a chuva que ontem tudo alagou
Só a lama agora está la fora.

Ela me entristece
E, alegra as crianças
Que lá fora não esperam
Para que eu esqueça de tua lembrança
De mim se aproveitam,
Dão-me carrinhos e bonecas
Bolas e banquetes
Esperando que conteste
A própria solidão
Que já não me consome.

Quando eu Acordo

Quando eu acordo vivo de novo
Quando nem sei onde estou
Busco na lembrança
Onde deixei meu último vestígio.

Releio meus passos
Que nem ao menos foram escritos
Levanto da cama e me deito.

Quando eu durmo sonho de novo
Sonho com o que quero ontem
Queria hoje e quis amanhã.

Minha Garota

Oh! Querida
Garota que me mata
E me faz viva todos os dias.

Razão do seu eu
Disse ela assustada
Trêmula de amor
E com uma poesia estampada
Jurava incessantemente
Que eu a amava
Sim, eu amava.

Querida passou,
Como o sol se pôs,
A lua saiu
E, iluminou meu rosto
Capturado por outro amor.

Astúcia

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Pessoas educadas não necessitam
Depois de grandes aprenderem
Certas coisas da vida.

E não venham me dizer
O que já ouvi ontem e hoje,
Nem tentar me encantar
Com doçuras de um dia só.

A astúcia decifrei
Não inteiramente, mas aprendi.

Na estrada da vida
Muitos desafios virão
Cabe a nós desvendarmos
E, aprender pouco com a razão.

Meus Casos

Meus casos deram poesias
Que amo sem fim.
E o que seria de mim
Se não pudesse encontrar o passado
E concertar meu presente
Lendo-as e pondo-as
Aqui dentro de mim.

O Que Eu Quero? - Terceira Parte

Não quero muito
Apenas um travesseiro
Onde possa encostar a cabeça
E soletrar meus sonhos.

Desromantismo

Pouco silêncio,
Cá estou a escutar
Amores eternos acabam
Em dois ou três dias.

No mar onde piratas se consagram
Nas ruas desestas que não calam,
Apelam por paixões inebriantes
Corações sozinhos e palpitantes,
Gritos escrevem suas novas canções
Decorrentes de tantas necessárias apresentações,
Cartas apelam sozinhas
A um dicionário de paixões proibidas:
Um pouco de amor.

Cansadas canetas românticas,
Cabeças pensativas vazias,
"Desromantismo" inaugurado sem nostalgia.

Perturbação

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Minha cabeça não pára
Não sossega o meu braço
Meus pensamentos em ti estão
Relembrando o passado.

Minhas mãos a ti desejam
Acariciar o corpo inteiro
E meu afago sutil
Lhe faz admirar,
Meu corpo febril
Afoito a resistir
Sem querer entregar-se logo
Acabara de desistir
E uma perturbação tomou conta de mim.

Mal consigo respirar
Ofegante.
Meu suspiro quente
Me entrega.
E por completa minh'alma
Se entrega.

Enleio

Minha fala exaustiva
De lembranças respectivas
Ações recebidas
E calculadamente concebidas
Fazem-me confundir.

De vez em quando
Me ponho a pensar
Em muitos anos passados
Que estive a fundir
Com planos futuros
E a estigante receita
Me fez esperar.

São lembranças necessárias
Loucuras extasiantes
Vidas e ensaios
Concomitantemente enleados
A minha própria visão.

Exatidão

  • 0
Nunca me revelei por completa,
Sou uma incógnita até para mim
Não me cobre explicações
E nem me dê mais juízo,
O melhor de tudo é simplesmente não entender.

Inventar a própria razão,
Perseguir incansavelmente a exatidão.
Basta pouco procurar
O bastante até encontrar
Uma certa emoção em andar pelas ruas calmas
E encontrar ali um refúgio a alma.

Minha própria paixão
Também inventada
Ferida pelas calçadas
De dor até certo ponto,
O que deixei para trás
Foi o medo e comigo o desejo
De procurar silenciosamente ruas agitadas
Com a exatidão do infinito.

Passível de Entendimento

Forçosamente tentando
Calmamente sem vergonha e vivendo
Fazendo tudo
Mesmo que esse tudo represente a ti
Um redondo nada.

Está redondamente enganada
Quando nem sabes o que dizer e dizes
E, quando está apenas com vontade de escrever
Sem saber o que.
E mesmo assim não desiste,
Escreve.

Calcanhares de medo
E libertação na escrita
Regras bem dadas,
Achadas as coisas sumidas
Gritadas aos sete ventos
Os segredos não guardados,
Dantes muitas vezes revelados
Passível de aprovação.

Não, não, não!
Revelados não.
Não por mim, nunca decifrei você.

Meu Deus

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Num canto escondido,
Até de mim
Deixei as minhas tristezas
E veio uma mão
Jogou sobre mim
Todas as coisas boas
Abri um sorriso desde então
Aqui estou
Em paz com meu coração.

13 de Novembro

Estou mais velha
Aprendendo a enxergar,
Perceber o que não entendia.

As coisas mudam
Mas, existe delas
Que permanecerão intactas
Quanto mais o tempo passa
Mas eu sei que assim é.

Na vida só existe um amor
Para toda ela
Encontrei o meu
E quanto mais olho-a
Mais sei que amo,
E como amo.

Não há uma parte sequer de mim
Que não ame-a
Eu sei que é para toda vida
Eu tenho uma certeza
deus nos abençoa
Porque nos entendemos
E, nos sentimos plena
Porque não há como
Escrever o que sentimos.

Meus Instintos

Há gestos que insisto em complicar
Foram tantas vezes, não consigo contar
Não cobrei entendimento
Não iria esperar.

Quando tive vontade fiz
Coisas que cheguei a duvidar
Pô-las em prática
Idéias que habitam dentro de mim.

Parei de pensar quando tinha
Milhões de coisas a fazer
Depois aprendi a pensar ao mesmo tempo.
No barulho e no silêncio
Não destino minha cabeça a coisa inúteis,
Simplesmente esqueço-as.

Meu gênio não é muito educado
Mas, me desobedece em momentos contados
E, quando tive de ficar calado
O silêncio invadiu o espaço que habito
Quis explodir com as circunstâncias
Achei melhor ficar quieto,
E fiquei.

Amor Perfeito

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O amor perfeito era o seu
De andar pelas calçadas de mãos dadas
Com um certo desprendimento que talvez não fosse teu.

Amor perfeito era, parecia de longe.
Era para ser eu lá.
Plantando e recolhendo as folhas que caíam
Colhendo os frutos de tantas intenções.

Eu deveria está repensando certos erros
Corrigindo-os depois.
Deveria está ali,
Pensei.

Vestindo suas roupas,
Lendo nossas revistas,
Fazendo desabrochar a criança
Que dentro de mim ainda existe,
Encantando a harmonia que de longe percebia.

Não, não existia
Ninguém te amou como eu,
Ninguém se enganou como eu.
Apaixonei-me por um fantasma
Ninguém é amado por tanta obrigação.
Não, ainda bem que não.

Amor recíproco e perfeito,
Percebi que era farsa.
Ou talvez engano seu.
O amor perfeito que de longe percebia
Não era o seu.